Boas Práticas para Inserção Segura de Cateter Venoso Central (CVC): Evidências Atualizadas e Impacto na Prevenção de IPCSL

Por Enf.° Me. Eliézer Farias de Mello

A inserção de cateter venoso central (CVC) é um procedimento comum em unidades de terapia intensiva (UTI), porém, quando não realizada adequadamente, pode resultar em infecções da corrente sanguínea associadas a cateter central (IPCSL). A implementação rigorosa de bundles de inserção, compostos por práticas baseadas em evidências, tem demonstrado eficácia significativa na redução dessas infecções, contribuindo para a diminuição da morbimortalidade e dos custos hospitalares.

Componentes Essenciais do Bundle de Inserção de CVC

  1. Higiene das Mãos: A higienização adequada das mãos antes do procedimento é fundamental. Deve-se utilizar preparação alcoólica a 70% ou realizar lavagem com água e sabão, conforme a condição das mãos.
  2. Antissepsia da Pele: A antissepsia do local de inserção deve ser realizada com clorexidina alcoólica a 2%. Essa prática reduz significativamente a colonização bacteriana no sítio de inserção.
  3. Uso de Campos Estéreis Amplos: A utilização de barreiras máximas, incluindo campos estéreis que cubram todo o corpo do paciente, gorro, máscara, avental estéril e luvas estéreis, é essencial para minimizar o risco de contaminação durante a inserção do cateter.
  4. Seleção do Sítio de Inserção: Deve-se evitar a veia femoral, sempre que possível, devido ao maior risco de infecção associado a essa localização. A veia subclávia é frequentemente preferida, a menos que haja contraindicações específicas.
  5. Documentação e Avaliação da Necessidade do CVC: É crucial documentar a real necessidade do cateter e reavaliar diariamente sua indicação, promovendo a remoção oportuna quando não mais necessário, reduzindo assim o tempo de exposição ao risco de infecção.

Impacto na Redução de IPCSL, Morbimortalidade e Custos Hospitalares

A adesão rigorosa ao bundle de inserção de CVC tem mostrado resultados positivos na prevenção de IPCSL. Estudos indicam que a implementação dessas práticas pode reduzir significativamente as taxas de infecção, contribuindo para a diminuição da mortalidade associada e dos custos hospitalares relacionados ao tratamento de complicações infecciosas.

Referências

  • Buetti, N., Marschall, J., Drees, M., et al. (2022). Strategies to prevent central line-associated bloodstream infections in acute-care hospitals: 2022 Update. Infect Control Hosp Epidemiol, 43(5), 553-569. https://doi.org/10.1017/ice.2022.87
  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2025). Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA nº 01/2025: Orientações para vigilância das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) e resistência aos antimicrobianos em serviços de saúde – ano: 2025.
  • Centers for Disease Control and Prevention (CDC). (2024). Central Line-associated Bloodstream Infection (CLABSI) Basics.
  • Organização Mundial da Saúde (OMS). (2024). Infection, prevention and control excellence in the Kingdom of Saudi Arabia: reducing central line-associated bloodstream infections.
  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2024). Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA nº 01/2024: Vigilância das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS).