IRAS em UTI: Desafios e Estratégias Atuais

Por Enf.º Me. Eliézer Farias de Mello

As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) representam um dos principais desafios enfrentados pelas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em todo o mundo. Caracterizadas como infecções adquiridas durante a prestação de cuidados de saúde, as IRAS são associadas a um aumento significativo da morbimortalidade, prolongamento do tempo de internação e elevação dos custos hospitalares.

Principais Tipos de IRAS em UTIs

  • Infecção da Corrente Sanguínea Associada a Cateter Central (IPCSL): Frequentemente relacionada ao uso prolongado de cateteres venosos centrais.
  • Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAVM): Resulta da colonização do trato respiratório inferior em pacientes submetidos à ventilação mecânica.
  • Infecção do Trato Urinário Associada a Cateter (ITU-AC): Relacionada ao uso de sondas vesicais de demora.
  • Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC): Ocorre em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos invasivos.

Fatores de Risco Associados

  • Uso de Dispositivos Invasivos: A presença de cateteres, sondas e ventiladores mecânicos aumenta o risco de infecções.
  • Tempo Prolongado de Internação: Estadias prolongadas na UTI estão associadas a maior exposição a patógenos hospitalares.
  • Estado Imunológico Comprometido: Pacientes com imunossupressão têm maior suscetibilidade a infecções.
  • Resistência Microbiana: A presença de microrganismos multirresistentes dificulta o tratamento eficaz das infecções.

Estratégias de Prevenção e Controle

  • Bundles de Prevenção: Conjuntos de práticas recomendadas para prevenir infecções específicas, como IPCSL e PAVM.
  • Higienização das Mãos: Prática fundamental para prevenir a transmissão de patógenos.
  • Educação e Treinamento Contínuo: Capacitação regular da equipe de saúde sobre práticas de controle de infecções.
  • Vigilância Epidemiológica: Monitoramento constante das taxas de infecção e resistência microbiana para orientar intervenções.

Desafios na Implementação de Medidas Preventivas

  • Adesão Inconsistente às Práticas de Prevenção: A falta de conformidade com protocolos estabelecidos compromete a eficácia das medidas preventivas.
  • Recursos Limitados: A escassez de materiais e pessoal qualificado pode dificultar a implementação de práticas adequadas.
  • Cultura Organizacional: A ausência de uma cultura de segurança do paciente pode impactar negativamente as iniciativas de controle de infecções.

Conclusão

As IRAS em UTIs continuam sendo uma preocupação significativa para a saúde pública. A implementação de estratégias baseadas em evidências, aliada ao comprometimento da equipe de saúde e ao suporte institucional, é essencial para reduzir a incidência dessas infecções e melhorar os desfechos clínicos dos pacientes.

Referências

  1. Dias, M. M., & Woellner, E. J. (2024). Infecções relacionadas à assistência à saúde em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto: Uma revisão integrativa. Research, Society and Development, 13(10), e73131047072.
  2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2024). Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA nº 01/2024: Orientações para vigilância das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) e resistência aos antimicrobianos em serviços de saúde.
  3. Cândido, T. L., et al. (2024). Prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde em Unidade de Terapia Intensiva Adulto: o olhar da equipe de enfermagem. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 24(7), e16260.
  4. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2021). Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (PNPCIRAS) 2021–2025.