Alterações de 2024 para 2025 – Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA nº 01/2025

Por Enf.º Me. Eliézer Farias de Mello

A Nota Técnica nº 01/2025 trouxe atualizações importantes em relação à versão de 2024, como a inclusão do monitoramento do consumo de sabonete líquido e preparação alcoólica, além da vigilância de IRAS e resistência microbiana. Reforçou-se que todos os serviços de saúde devem realizar vigilância sistemática, mesmo que não sejam obrigados a notificar mensalmente à Anvisa. Houve também maior detalhamento sobre a coleta e análise dos dados, destacando a importância de instrumentos objetivos, da busca ativa, da participação nas visitas multiprofissionais e do benchmarking interno e externo.

A tabela de indicadores obrigatórios foi expandida, incluindo novos eventos como endoftalmite relacionada à facectomia e à injeção intravítrea de medicamentos. Adicionalmente, a infecção intra-hospitalar por Covid-19 não é mais obrigatória para notificação nacional, mas sua vigilância local continua imprescindível. Também foi enfatizada a obrigatoriedade da notificação de surtos de qualquer natureza.

A periodicidade da notificação mensal foi confirmada e os formulários eletrônicos para o envio de dados foram atualizados para o ano de 2025.

As principais alterações introduzidas na Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA nº 01/2025 em comparação à versão de 2024. Foram consideradas apenas as mudanças destacadas em cor cinza no documento oficial.

• Inclusão de Consumo de Produtos de Higiene das Mãos: agora deve-se vigiar também o consumo de sabonete líquido e preparação alcoólica.

• Obrigatoriedade da Vigilância em Todos os Serviços: todos os serviços de saúde devem realizar vigilância de IRAS.

• Atualização na Definição dos Eventos a Serem Vigiados: serviços devem definir eventos relevantes ao seu perfil assistencial.

• Atualização nos Tipos e Métodos de Vigilância: novos detalhes sobre vigilância por objetivo, setor, microbiológica e pós-alta.

• Alteração nas Regras de Coleta de Dados: instrumentos de coleta simplificados e busca ativa com parcerias.

• Novo Detalhamento sobre Análise e Interpretação dos Indicadores: explicações de prevalência, incidência e densidade de incidência com exemplos.

• Expansão da Tabela de Indicadores para Notificação: inclusão de consumo de produtos para higiene das mãos.

• Inclusão de Serviços de Oftalmologia: facectomia e injeção intravítrea agora com notificação obrigatória de endoftalmite.

• Inclusão de Observações sobre Covid-19 Intra-hospitalar: monitoramento obrigatório local, mesmo sem notificação nacional.

• Inclusão de Observações sobre Surtos: obrigatoriedade de notificação de surtos infecciosos à Anvisa.

• Ajustes na Periodicidade e Prazos de Notificação: prazos confirmados para envio de dados mensais e para ISC.

• Alteração nos Formulários de Notificação: atualização dos links de acesso para o ano de 2025.

Texto completo da Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA nº 01/2025 no link abaixo:

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/notas-tecnicas/notas-tecnicas-vigentes/nota-tecnica-gvims-ggtes-dire3-anvisa-no-01-2025/view

Novas Recomendações para Prevenção de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV) em Unidades de Terapia Intensiva

A Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV) continua sendo uma das principais complicações em pacientes submetidos à ventilação invasiva prolongada, representando um desafio crítico para as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Estimativas recentes indicam que a PAV eleva significativamente a morbimortalidade, prolonga o tempo de internação e aumenta os custos hospitalares (Klompas et al., 2022).

Por Enf.º Me. Eliézer Farias de Mello

Diretrizes atualizadas enfatizam a necessidade de implementação de pacotes de medidas (‘bundles’) para a prevenção da PAV. A Society for Healthcare Epidemiology of America (SHEA) e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) recomendam intervenções como a elevação da cabeceira do leito entre 30° e 45°, interrupção diária da sedação, avaliação da prontidão para extubação, profilaxia para úlcera de estresse e para tromboembolismo venoso (Klompas et al., 2022). Essas estratégias combinadas são capazes de reduzir de maneira significativa a incidência de infecções respiratórias.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) reforça a importância da vigilância ativa das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) e da resistência microbiana, com a publicação da Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA nº 01/2024. Esse documento atualiza as orientações sobre a notificação obrigatória e monitoramento dos indicadores de IRAS, incluindo a PAV, ressaltando a necessidade de programas de prevenção e controle estruturados nas UTIs (Brasil, 2024a).

Entre as estratégias não farmacológicas mais destacadas está a elevação da cabeceira do leito, medida simples, porém eficaz na redução do risco de aspiração e subsequente desenvolvimento de pneumonia (Klompas et al., 2022). Outra prática atualizada é a higiene oral com escovação mecânica regular, que deve ser realizada sem a obrigatoriedade do uso de antissépticos como a clorexidina, devido a novas evidências sobre possíveis efeitos adversos dessa substância em pacientes críticos (Klompas et al., 2022).

A manutenção rigorosa da higiene bucal emerge como um pilar essencial no controle da PAV. A ANVISA, em seu manual de orientações atualizadas para o cuidado em UTIs, destaca a necessidade de protocolos padronizados de higiene bucal, mesmo em pacientes com intubação orotraqueal ou traqueostomia, priorizando a limpeza mecânica da mucosa oral e dos dentes (Brasil, 2024b). Essa prática visa reduzir a colonização bacteriana e, por consequência, as infecções respiratórias.

A equipe de enfermagem possui papel central na prevenção da PAV, sendo responsável pela execução diária dos cuidados preventivos. A utilização de checklists assistenciais, validados para a prática clínica, mostra-se uma estratégia eficaz para garantir a adesão às recomendações. Um estudo brasileiro recente validou um checklist composto por 22 itens distribuídos em quatro domínios, propondo sua aplicação prática para a prevenção da PAV em pacientes adultos internados em UTIs (Amaya et al., 2024).

O diagnóstico de PAV deve ser criterioso e baseado em sinais clínicos, achados radiológicos e resultados microbiológicos. A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo publicou novos critérios diagnósticos em 2024, especificando parâmetros adaptados para pacientes adultos e para contextos de COVID-19, com o objetivo de padronizar a vigilância e reduzir o subdiagnóstico ou o diagnóstico excessivo (São Paulo, 2024).

Diante dessas atualizações, fica evidente que a prevenção da PAV demanda uma abordagem multidimensional, envolvendo práticas assistenciais baseadas em evidências, educação continuada das equipes multiprofissionais, vigilância epidemiológica ativa e engajamento institucional. A adoção rigorosa das novas recomendações contribui de forma significativa para a segurança do paciente crítico, impactando positivamente nos desfechos clínicos e na qualidade assistencial das UTIs.

Referências

AMAYA, M. R. G. et al. Validação de checklist para verificação de cuidados preventivos da pneumonia associada à ventilação mecânica. Texto & Contexto Enfermagem, v. 33, e20220364, 2024.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA nº 01/2024. Orientações gerais para a vigilância das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS). 2024a.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA nº 04/2024. Higiene oral em pacientes hospitalizados em UTI. 2024b.

KLOMPAS, M. et al. Strategies to Prevent Ventilator-Associated Pneumonia in Acute Care Hospitals: 2022 Update. Infection Control & Hospital Epidemiology, v. 43, n. 6, p. 685–713, 2022. DOI: 10.1017/ice.2021.162.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado da Saúde. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. Critérios Diagnósticos para Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. São Paulo, 2024.

Boas Práticas para Inserção Segura de Cateter Venoso Central (CVC): Evidências Atualizadas e Impacto na Prevenção de IPCSL

Por Enf.° Me. Eliézer Farias de Mello

A inserção de cateter venoso central (CVC) é um procedimento comum em unidades de terapia intensiva (UTI), porém, quando não realizada adequadamente, pode resultar em infecções da corrente sanguínea associadas a cateter central (IPCSL). A implementação rigorosa de bundles de inserção, compostos por práticas baseadas em evidências, tem demonstrado eficácia significativa na redução dessas infecções, contribuindo para a diminuição da morbimortalidade e dos custos hospitalares.

Componentes Essenciais do Bundle de Inserção de CVC

  1. Higiene das Mãos: A higienização adequada das mãos antes do procedimento é fundamental. Deve-se utilizar preparação alcoólica a 70% ou realizar lavagem com água e sabão, conforme a condição das mãos.
  2. Antissepsia da Pele: A antissepsia do local de inserção deve ser realizada com clorexidina alcoólica a 2%. Essa prática reduz significativamente a colonização bacteriana no sítio de inserção.
  3. Uso de Campos Estéreis Amplos: A utilização de barreiras máximas, incluindo campos estéreis que cubram todo o corpo do paciente, gorro, máscara, avental estéril e luvas estéreis, é essencial para minimizar o risco de contaminação durante a inserção do cateter.
  4. Seleção do Sítio de Inserção: Deve-se evitar a veia femoral, sempre que possível, devido ao maior risco de infecção associado a essa localização. A veia subclávia é frequentemente preferida, a menos que haja contraindicações específicas.
  5. Documentação e Avaliação da Necessidade do CVC: É crucial documentar a real necessidade do cateter e reavaliar diariamente sua indicação, promovendo a remoção oportuna quando não mais necessário, reduzindo assim o tempo de exposição ao risco de infecção.

Impacto na Redução de IPCSL, Morbimortalidade e Custos Hospitalares

A adesão rigorosa ao bundle de inserção de CVC tem mostrado resultados positivos na prevenção de IPCSL. Estudos indicam que a implementação dessas práticas pode reduzir significativamente as taxas de infecção, contribuindo para a diminuição da mortalidade associada e dos custos hospitalares relacionados ao tratamento de complicações infecciosas.

Referências

  • Buetti, N., Marschall, J., Drees, M., et al. (2022). Strategies to prevent central line-associated bloodstream infections in acute-care hospitals: 2022 Update. Infect Control Hosp Epidemiol, 43(5), 553-569. https://doi.org/10.1017/ice.2022.87
  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2025). Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA nº 01/2025: Orientações para vigilância das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) e resistência aos antimicrobianos em serviços de saúde – ano: 2025.
  • Centers for Disease Control and Prevention (CDC). (2024). Central Line-associated Bloodstream Infection (CLABSI) Basics.
  • Organização Mundial da Saúde (OMS). (2024). Infection, prevention and control excellence in the Kingdom of Saudi Arabia: reducing central line-associated bloodstream infections.
  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2024). Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA nº 01/2024: Vigilância das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS).

Higiene das Mãos na UTI: Evidências Recentes e Práticas Baseadas em Dados

Por Enf.° Me. Eliézer Farias de Mello

A higiene das mãos é amplamente reconhecida como a medida isolada mais eficaz para prevenir infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), especialmente em ambientes de alta complexidade como as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as IRAS impactam diretamente a morbimortalidade hospitalar e representam um ônus significativo aos sistemas de saúde, podendo ser prevenidas com a implementação consistente da higiene das mãos nos pontos de cuidado (World Health Organization, 2009).

Apesar de sua eficácia comprovada, a adesão à higiene das mãos entre profissionais de saúde ainda é subótima. Um estudo observacional realizado em uma UTI adulta de um hospital de ensino no Brasil revelou uma taxa de adesão de apenas 23,98%, com destaque para a baixa qualidade na execução da técnica, incluindo fricção inadequada das pontas dos dedos e polegares, além de tempo insuficiente para ação do antisséptico (Bortolini & Cardoso, 2023).

Para padronizar e promover a adesão às boas práticas, a OMS estabeleceu os “Cinco Momentos para a Higiene das Mãos”: antes de tocar o paciente; antes de realizar procedimento limpo/asséptico; após risco de exposição a fluidos corporais; após tocar o paciente; e após tocar superfícies próximas ao paciente. Essa abordagem visa garantir a segurança ao longo de toda a cadeia de cuidado (World Health Organization, 2009).

A fricção com preparação alcoólica é recomendada como a principal forma de antissepsia das mãos, sendo mais eficaz, rápida e menos agressiva à pele do que a lavagem com água e sabão, exceto quando as mãos estiverem visivelmente sujas. A disponibilidade de soluções alcoólicas no ponto de assistência é crucial para garantir a realização da higiene das mãos no momento certo (World Health Organization, 2009).

O uso de preparações alcoólicas, especialmente aquelas com concentração de 70%, tem se mostrado altamente eficaz na eliminação de microrganismos patogênicos. Estudos indicam que a concentração de 70% é ideal, pois a presença de água na formulação facilita a penetração do álcool na membrana celular dos microrganismos, promovendo sua desnaturação e morte. Além disso, o álcool em gel, por conter emolientes, tende a ser menos agressivo à pele, reduzindo a incidência de dermatites entre os profissionais de saúde (Instituto Federal de Santa Catarina, 2020).

No contexto brasileiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) implementou o Projeto de Implantação Nacional da Estratégia Multimodal de Melhoria da Higiene das Mãos em Serviços de Saúde para a Segurança do Paciente (2022-2023). O projeto visou avaliar o impacto da implementação de estratégias multimodais na melhoria da higiene das mãos em serviços de saúde, com foco na segurança do paciente (Anvisa, 2024).

Estudos recentes também apontam para a eficácia de campanhas educacionais na melhoria da adesão à higiene das mãos. A campanha “Hand Hygiene Heroes”, por exemplo, demonstrou que intervenções educacionais direcionadas podem aumentar significativamente as taxas de adesão entre profissionais de saúde, pacientes e familiares (AJIC, 2024).

A qualidade da técnica de higiene das mãos é tão importante quanto a frequência. Pesquisas indicam que a técnica adequada, incluindo a fricção de todas as superfícies das mãos por pelo menos 20 segundos, é essencial para a eficácia da prática. Além disso, a racionalização da técnica para três passos principais tem sido proposta como uma alternativa eficaz e mais fácil de ser adotada pelos profissionais de saúde (Bortolini & Cardoso, 2023).

O uso de luvas, embora essencial em determinados procedimentos, não substitui a necessidade de higiene das mãos. A OMS enfatiza que as mãos devem ser higienizadas antes de calçar as luvas e após sua remoção, pois as luvas podem apresentar microfuros ou ser contaminadas durante o uso. Além disso, o uso inadequado de luvas pode levar a uma falsa sensação de segurança e à negligência da higiene das mãos (World Health Organization, 2009).

Referências

World Health Organization. (2009). WHO Guidelines on Hand Hygiene in Health Care. Geneva: WHO Press.

Bortolini, J., & Cardoso, J. D. C. (2023). Adesão à técnica de higiene das mãos: estudo observacional. Acta Paulista de Enfermagem, 36, eAPE03631.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). (2024). Relatório Nacional do Projeto de Implantação Nacional da Estratégia Multimodal de Melhoria da Higiene das Mãos em Serviços de Saúde para a Segurança do Paciente – 2022-2023.

American Journal of Infection Control (AJIC). (2024). Becoming hand hygiene heroes: Implementation of an infection prevention educational campaign.

Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). (2020). Como higienizar corretamente mãos, objetos e ambientes para eliminar o novo coronavírus.

IRAS em UTI: Desafios e Estratégias Atuais

Por Enf.º Me. Eliézer Farias de Mello

As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) representam um dos principais desafios enfrentados pelas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em todo o mundo. Caracterizadas como infecções adquiridas durante a prestação de cuidados de saúde, as IRAS são associadas a um aumento significativo da morbimortalidade, prolongamento do tempo de internação e elevação dos custos hospitalares.

Principais Tipos de IRAS em UTIs

  • Infecção da Corrente Sanguínea Associada a Cateter Central (IPCSL): Frequentemente relacionada ao uso prolongado de cateteres venosos centrais.
  • Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAVM): Resulta da colonização do trato respiratório inferior em pacientes submetidos à ventilação mecânica.
  • Infecção do Trato Urinário Associada a Cateter (ITU-AC): Relacionada ao uso de sondas vesicais de demora.
  • Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC): Ocorre em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos invasivos.

Fatores de Risco Associados

  • Uso de Dispositivos Invasivos: A presença de cateteres, sondas e ventiladores mecânicos aumenta o risco de infecções.
  • Tempo Prolongado de Internação: Estadias prolongadas na UTI estão associadas a maior exposição a patógenos hospitalares.
  • Estado Imunológico Comprometido: Pacientes com imunossupressão têm maior suscetibilidade a infecções.
  • Resistência Microbiana: A presença de microrganismos multirresistentes dificulta o tratamento eficaz das infecções.

Estratégias de Prevenção e Controle

  • Bundles de Prevenção: Conjuntos de práticas recomendadas para prevenir infecções específicas, como IPCSL e PAVM.
  • Higienização das Mãos: Prática fundamental para prevenir a transmissão de patógenos.
  • Educação e Treinamento Contínuo: Capacitação regular da equipe de saúde sobre práticas de controle de infecções.
  • Vigilância Epidemiológica: Monitoramento constante das taxas de infecção e resistência microbiana para orientar intervenções.

Desafios na Implementação de Medidas Preventivas

  • Adesão Inconsistente às Práticas de Prevenção: A falta de conformidade com protocolos estabelecidos compromete a eficácia das medidas preventivas.
  • Recursos Limitados: A escassez de materiais e pessoal qualificado pode dificultar a implementação de práticas adequadas.
  • Cultura Organizacional: A ausência de uma cultura de segurança do paciente pode impactar negativamente as iniciativas de controle de infecções.

Conclusão

As IRAS em UTIs continuam sendo uma preocupação significativa para a saúde pública. A implementação de estratégias baseadas em evidências, aliada ao comprometimento da equipe de saúde e ao suporte institucional, é essencial para reduzir a incidência dessas infecções e melhorar os desfechos clínicos dos pacientes.

Referências

  1. Dias, M. M., & Woellner, E. J. (2024). Infecções relacionadas à assistência à saúde em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto: Uma revisão integrativa. Research, Society and Development, 13(10), e73131047072.
  2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2024). Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA nº 01/2024: Orientações para vigilância das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) e resistência aos antimicrobianos em serviços de saúde.
  3. Cândido, T. L., et al. (2024). Prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde em Unidade de Terapia Intensiva Adulto: o olhar da equipe de enfermagem. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 24(7), e16260.
  4. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2021). Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (PNPCIRAS) 2021–2025.

Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) como Porta de Entrada para a Sepse: Implicações para a Prática Intensivista

Por Enf.º Me. Eliézer Farias de Mello

As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) representam um desafio persistente em ambientes hospitalares, especialmente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), onde pacientes vulneráveis estão expostos a procedimentos invasivos e terapias complexas. A transição de uma IRAS para sepse é uma preocupação crítica, pois a sepse é uma resposta inflamatória sistêmica a uma infecção que pode levar à disfunção orgânica e morte. Estudos recentes indicam que mais de 24% dos pacientes com sepse associada à assistência à saúde e 52,3% daqueles tratados em UTIs não sobrevivem, evidenciando a gravidade dessa condição (WHO, 2022).

Toda Infecção Relacionada a Assistência à Saúde tem potencial para se tornar sepse.

A sepse frequentemente se origina de IRAS não controladas, como infecções de corrente sanguínea associadas a cateteres centrais, infecções do trato urinário associadas a cateteres, pneumonia associada à ventilação mecânica e infecções de sítio cirúrgico. A Organização Mundial da Saúde destaca que a prevenção da sepse passa pela prevenção das infecções, enfatizando a importância da higiene adequada, uso racional de antibióticos e implementação de protocolos de controle de infecções (WHO, 2023).

A implementação de bundles de cuidados, que são conjuntos de práticas baseadas em evidências, tem se mostrado eficaz na redução de IRAS. Um estudo recente demonstrou que a adoção de medidas rigorosas de prevenção de infecções, incluindo a formação de equipes multidisciplinares e o uso de tecnologias padronizadas, resultou em uma redução de 47,5% na taxa de infecções (Souza et al., 2024). Esses resultados reforçam a necessidade de adesão estrita a protocolos de prevenção de infecções.

A vigilância contínua e a educação dos profissionais de saúde são componentes essenciais na prevenção de IRAS e, consequentemente, da sepse. O CDC enfatiza a importância de programas de prevenção de infecções e resistência antimicrobiana, que incluem a educação dos profissionais, auditorias regulares e feedback sobre práticas de controle de infecções (CDC, 2024). Além disso, a OMS lançou estratégias globais para fortalecer os programas de prevenção e controle de infecções, destacando a necessidade de investimentos sustentados nessa área (WHO, 2024).

A detecção precoce da sepse é crucial para melhorar os desfechos dos pacientes. O CDC desenvolveu elementos centrais para programas hospitalares de sepse, que incluem liderança comprometida, responsabilidade clara, expertise multiprofissional, ações específicas, rastreamento e educação contínua (CDC, 2023). Esses elementos visam integrar a prevenção de IRAS com a identificação e tratamento rápidos da sepse.

Em resumo, a prevenção eficaz de IRAS é fundamental para reduzir a incidência de sepse em ambientes hospitalares. A adesão a práticas baseadas em evidências, a implementação de protocolos padronizados, a educação contínua dos profissionais de saúde e o investimento em programas de controle de infecções são estratégias essenciais para melhorar a segurança do paciente e os resultados clínicos.

Referências

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Core Elements of Hospital Sepsis Programs. Atlanta: CDC, 2023.

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Healthcare-associated infections programs. Atlanta: CDC, 2024.

SOUZA, J. P. et al. Effectiveness of Central Line-Associated Bloodstream Infection Bundles in Intensive Care Units: A Systematic Review. Journal of Infection Control, v. 52, n. 3, p. 215-222, 2024.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Global Report on Infection Prevention and Control. Geneva: WHO, 2022.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Sepsis. Geneva: WHO, 2023.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Sustained investment in infection prevention and control programmes needed. Geneva: WHO, 2024.